Conectividade no PNE é tema de debate na Câmara dos Deputados

Khasmogomed Rushisvili
By Khasmogomed Rushisvili 5 Min Read

A discussão sobre a conectividade nas escolas públicas voltou ao centro dos debates na Câmara dos Deputados, evidenciando a urgência em integrar tecnologia ao processo educacional de forma estruturada e eficaz. O acesso desigual à internet em instituições de ensino do país impede que milhões de estudantes tenham as mesmas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento digital. Este problema é ainda mais grave em áreas rurais e periferias urbanas, onde a infraestrutura tecnológica é mínima ou inexistente. A audiência pública realizada nos últimos dias reforça que não se trata apenas de inserir equipamentos nas escolas, mas de transformar a experiência educacional como um todo.

O debate mostrou que, para além da infraestrutura física, é necessário pensar em formação de professores, desenvolvimento de conteúdos digitais de qualidade e criação de políticas públicas contínuas que garantam acesso pleno e democrático às ferramentas tecnológicas. Muitos profissionais da educação ainda não possuem preparo adequado para integrar recursos digitais em suas práticas pedagógicas. O risco, portanto, é investir em conectividade sem garantir que os recursos sejam utilizados de forma eficiente. É fundamental tratar a conectividade como parte de um ecossistema educacional maior, e não como uma solução isolada.

O Brasil já possui programas e iniciativas voltadas à inclusão digital nas escolas, mas ainda enfrenta desafios para alcançar resultados concretos e duradouros. Os dados mostram que, mesmo com esforços do governo federal, uma parte significativa das escolas não tem conexão estável ou banda larga suficiente para suportar atividades simultâneas. Essa limitação técnica compromete não só o aprendizado dos alunos, como também o planejamento e a execução das aulas pelos docentes. A audiência na Câmara reforçou a necessidade de rever esses programas, modernizando os critérios e integrando novas soluções baseadas em evidências.

Outro ponto destacado no debate foi a importância da equidade digital. É preciso garantir que todos os estudantes, independentemente de sua localização geográfica ou condição socioeconômica, tenham acesso igualitário às ferramentas tecnológicas. Isso inclui a oferta de dispositivos, conexão estável e ambientes virtuais de aprendizagem. A ausência desses elementos aprofunda desigualdades históricas e compromete o desenvolvimento de competências essenciais para o século XXI. A inclusão digital não é apenas uma demanda técnica, mas também uma questão de justiça social.

A cidadania digital também foi tema recorrente durante a audiência. Saber utilizar a internet de forma segura, ética e crítica é parte fundamental da formação dos estudantes. Isso exige um currículo que vá além do uso técnico da tecnologia, promovendo o pensamento crítico, o combate à desinformação e o respeito à privacidade. As escolas, nesse contexto, precisam ser ambientes que promovam uma cultura digital consciente e responsável. Sem isso, o avanço tecnológico pode se transformar em um novo tipo de exclusão.

O envolvimento de diversos setores da sociedade foi apontado como crucial para o sucesso das ações voltadas à conectividade educacional. Parcerias entre o governo, a iniciativa privada e organizações da sociedade civil podem acelerar a implementação de soluções e garantir a sustentabilidade dos projetos. A articulação entre os entes federativos também é fundamental, uma vez que os contextos regionais exigem abordagens específicas. A descentralização, nesse sentido, permite que as políticas públicas estejam mais próximas das realidades locais.

Apesar dos avanços e das propostas debatidas, o desafio da conectividade nas escolas públicas brasileiras ainda está longe de ser superado. É necessário investir com planejamento, garantir acompanhamento contínuo das ações e corrigir falhas estruturais que impedem o uso efetivo das tecnologias no ambiente escolar. A educação do futuro depende de ações do presente, que considerem as múltiplas dimensões do problema e tenham como foco principal o estudante.

Com os debates promovidos pela Câmara dos Deputados e a crescente pressão social por soluções efetivas, há uma janela de oportunidade para transformar o cenário atual. A tecnologia, se bem aplicada, pode ser uma poderosa aliada na democratização do ensino e na promoção de uma educação mais inclusiva, participativa e alinhada às demandas contemporâneas. Mas isso só será possível se houver compromisso político, investimento contínuo e um olhar estratégico sobre o papel da conectividade no fortalecimento da educação pública brasileira.

Autor : Khasmogomed Rushisvili

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