Durante muito tempo, o setor técnico — em especial o financeiro — foi visto como uma área de suporte. Responsável por apurar, registrar e controlar. Mas, no atual cenário corporativo, empresas competitivas estão transformando essa mesma área em algo muito maior: um verdadeiro núcleo de direção estratégica.
E isso não acontece por acaso. Segundo Robson Gimenes Pontes, especialista em estruturação financeira e planejamento corporativo, essa virada só é possível quando o time técnico desenvolve a habilidade de transformar dados em decisões.
“Não basta entregar número. É preciso transformar o número em argumento. E o argumento em movimento”, afirma.
Robson explica que, nas empresas mais bem estruturadas, o setor financeiro deixou de ser apenas o responsável por “fechar o mês” e passou a participar da definição dos próximos trimestres. Isso acontece porque os dados internos — quando bem analisados — têm poder de antecipar riscos, validar oportunidades e corrigir rotas antes que o mercado aponte falhas.
Entre os principais fatores que elevam a área técnica ao centro da estratégia, ele destaca:
- Domínio dos indicadores certos — e não apenas dos mais óbvios
Muitos times monitoram o que é fácil medir. Os que fazem a diferença monitoram o que de fato explica o comportamento do negócio. “Saber o CAC é ótimo. Entender a curva de recuperação dele por canal é estratégico.” - Capacidade de leitura cruzada
Conectar dados de diferentes áreas — vendas, operação, financeiro, logística — permite entender não apenas o que está acontecendo, mas por que está. E, com isso, propor ações sustentáveis. - Habilidade de apresentação executiva
Influência nasce também da forma como se apresenta a análise. Robson reforça: “Gráficos limpos, análises comparativas, foco no impacto e clareza no cenário. É isso que transforma um número em decisão.” - Postura ativa no comitê
Não basta ser chamado — é preciso participar com segurança. As áreas técnicas que ganham voz são aquelas que sustentam posições com base, mas também com equilíbrio emocional.
Para Robson, o salto da área técnica de “apoio” para “estratégia” não depende de uma reestruturação formal — depende de maturidade, método e postura.
“Os dados estão ali. O que falta, muitas vezes, é a coragem e a consistência para usá-los como base de influência”, conclui.
Autor: Khasmogomed Rushisvili